Mostra Latino Americana

Em um processo de seleção impregnado pela experiência da pandemia e do confinamento, enxergar a América Latina através das pequenas histórias contadas pelos realizadores do continente foi um processo único e muito especial. O resultado deixa marcado no panorama da Mostra Latino-Americana o conjunto de olhares férteis e atentos ao mundo ao seu redor.

Filmes que contrapõem passado e presente ecoam com muita força neste momento de reflexão e recolhimento, em que o futuro parece mais fluido do que nunca. Ao mesmo tempo, a violência e a brutalidade, incômoda constante na nossa cinematografia, emergem como ausência: fantasmas distantes dos olhos – mas percebidos na intuição – conduzem o espectador por narrativas de suspense, um quase-terror do real.

Ao mergulhar nesses filmes, nesses pequenos mundos, encontramos também grandes geografias do sentimento: famílias, comunidades, seus corpos e seus espaços; as ironias do convívio, os anseios resgatados, as nostalgias do que não foi vivido, as saudades do que não pode mais ser. 

Seja em espaços concretos, como Montevidéu, Santiago, Juliaca ou San Cayetano, seja em lugares imaginários, como uma folha de papel ou um limbo entre a vida e a morte, esses pequenos mundos nos propõem viagens de imersão e encantamento que só os curtas-metragens podem proporcionar.